[GP de A a Z] O que a neurociência explica sobre gestão de pessoas?

O cérebro humano consegue ser bem complexo, mas a neurociência já obteve grandes descobertas sobre a disciplina de gestão de pessoas

 

Por Gabriel Dias* e Gabriela Manzini**

O cérebro humano é algo espetacular. O órgão pode ser considerado um dos objetos mais incríveis e complexos no Planeta Terra. Por isso, existem várias peculiaridades relacionadas à neurociência e compreender algumas delas pode lhe trazer benefícios em vários assuntos, como no que tange a disciplina de gestão de pessoas. A neurociência ajuda nesses conhecimentos e explica algumas reações das pessoas que podem ajudar líderes a trabalhar melhor suas equipes.

O tema foi assunto no Curso de Gerenciamento de Projetos do Instituto Mestre GP, que contou com uma aula das professoras Lia D’Amico e Silvia Rodrigues sobre o tema.

 

Funções biológicas do cérebro

A função primordial do cérebro é manter as pessoas vivas. Mas, dentro do processo de desenvolvimento do mesmo, o encéfalo só fica completamente pronto em termos de complexidade aos 25 anos.

Já para o cérebro trabalhar, ele precisa de muita energia. Vale ressaltar no entanto que o córtex pré-frontal, responsável por administrar nossas ações racionalmente, se distrai com muita facilidade e consome cerca de 20% de eficácia do corpo. É ele o responsável por funções que exigem complexidade, inibição, tomada de decisão e aprender algo novo, por exemplo. Por isso que ao ter que lidar com um problema ou tomar uma decisão nos sentimos “mentalmente cansados”.

Já a parte do cérebro que lida com outros indivíduos pertence ao que chamamos de cérebro social. As pessoas são seres relacionais e é o cérebro social que atua nesta área e, portanto, na gestão de pessoas. O órgão não sabe diferenciar uma ameaça física de uma emocional e, durante uma situação de conflito, por exemplo, nosso cérebro aciona o sistema límbico, responsável pela nossa sobrevivência em sua forma mais rudimentar.

O sistema límbico, unidade responsável pelas emoções e comportamentos sociais, trabalha pela recompensa e pela ameaça. Dependendo de como é realizada determinada ação, o cérebro pode levar a pessoa para o aspecto de recompensa ao invés da ameaça – e é aqui que mora a charada para quem quer gerenciar melhor suas equipes. Assim, o sistema límbico e o córtex pré-frontal funcionam como uma gangorra: é preciso acionar o córtex pré-frontal, que faz a pessoa racionalizar suas emoções, em vez de acionar o seu sistema límbico, estimulando uma reação emocional que não gerará frutos para aquela empresa ou equipe.

O ser humano não consegue controlar ou excluir uma ameaça, apenas minimiza-la. Conhecendo as pessoas, fica mais fácil ativar um ou outro aspecto. Mas, quando se ativa a ameaça, existem três reações possíveis: correr, travar ou atacar. Assim, fica mais claro entender o comportamento dos membros da sua equipe se você acionar a todo instante seus mecanismos de defesa via sistema límbico.

 

Gestão de pessoas é também uma ciência

Como um líder pode usar esse conhecimento a favor?

O líder por si só gera mais ameaça do que aproximação. Saber os gatilhos que ativam isso permite minimizar essa situação. Um dos gatilhos está na abordagem: falar de forma professoral e ter cuidado quando for colocar uma sugestão diminui o tom de ameaça.

Quando se sente menor, a pessoa literalmente sente uma dor física. Estudos já comprovam que ao sentir uma dor emocional são ativadas as mesmas áreas no cérebro de quando sentimos uma dor física. E quando o indivíduo fica em estado de ameaça o tempo todo, ele não consegue usar essa energia para o que a empresa necessita, já que seu cérebro está gastando essa energia no sistema límbico em vez de utilizar no córtex pré-frontal. Nesse caso, a melhor coisa para fazer sob pressão é respirar. Assim, o cérebro é oxigenado e traz energia para que a pessoa possa pensar em algo.

O princípio organizador do cérebro é fazer com que as pessoas se aproximem de tudo que consideram bom – ativando a recompensa – e se afastem de tudo que consideram ameaça. Dentro de uma empresa, colaboração só é possível se houver aproximação. Assim, o líder deve manter o ambiente agradável e investir em aproximação.

Aproximação: interesse; foco nas soluções; aproximação, atender; visão geral; focado em conexões.
Afastamento: incerteza; foco nos problemas; distanciamento, postergação; visão estreita; focado em dados; falta de compromisso.

 

Fatores essenciais para o bom desempenho do cérebro

Certeza:
A certeza é uma necessidade de previsibilidade. Falar o que quer conversar com a pessoa antes para que o cérebro não se precipite é uma forma de atenuar efeitos de ameaça. O cérebro sempre vai buscar a informação ruim, porque ele pensa na sobrevivência.

Autonomia:
O cérebro quer ter a sensação de estar tendo escolhas. As pessoas se sentem parte do processo. Se a gente não tem como dar a escolha da pessoa decidir como fazer, é preciso dar ao menos algumas opções para ela pensar em caminhos.

Relação:
A base de qualquer relação é a confiança. Se quer engajamento, tem que ter tempo.

Justiça:
O cérebro quer ter a sensação de que há troca justa entre as pessoas. Para minimizar isso, temos que fazer os acordos e cumprir esses acordos. Quando não está explicada a regra do jogo, o modus operandi do cérebro é se sentir injustiçado quando as recompensas não são iguais. Precisa investir tempo e explicar as regras do jogo.

>>Leia ainda: “Gestão de pessoas: veja qual deve ser o papel do líder” 

 

*Gabriel Dias é jornalista formado no Centro Universitário de Brasília – UniCEUB. Analista de Comunicação no Digitalks, Gabriel também tem experiência nas áreas de jornalismo político. Trabalhou em agências de comunicação e na Câmara dos Deputados. Gosta de produzir conteúdos digitais e foca no Marketing Digital.
**Gabriela Manzini é jornalista formada pela Universidade Metodista de São Paulo, trabalha com comunicação desde 2008 e é especialista pós-graduada em Comunicação Corporativa pela Cásper Líbero com nanodegree em Marketing Digital. Atua hoje com comunicação estratégica, marketing digital, especialmente marketing de conteúdo e inbound. Em suas passagens por agências de comunicação e marketing, já atendeu clientes como Microsoft, Philco, Wacom Brasil, Toshiba Brasil, Citibank, Credicard Hall, Omron, Internacional Shopping Guarulhos, e os cantores Fábio Jr. e Paula Lima. Na área corporativa, trabalhou no departamento de marketing da Shoestock e é a atual Head de Conteúdo do Digitalks, empresa do grupo iMasters, referência em marketing digital no Brasil. Possui ainda expertises em planejamento estratégico, design thinking para inovação, comunicação interna e endomarketing, além de prestar consultoria em mídias sociais para pequenos negócios.

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