Behind the scenes – Grand Prix em Inovação na visão de Projetos
Recentemente tivemos a grande premiação do Festival de Cannes, uma grande celebração do mercado de comunicação e publicidade, consagrando grandes trabalhos realizados e homenageando os profissionais envolvidos em cada projeto.
Conectando a premiação ao trabalho do Comitê de Inovação em Gestão de Projetos do Instituto Mestre GP buscamos contato com o time que desenvolveu o projeto Humanium, ganhador do Grand Prix na categoria de Inovação do Festival de Cannes e apresentamos o que chamamos de behind the scenes, ou seja, sob a perspectiva da execução do projeto como foi o desenvolvimento de tudo que envolve o case. É um formato inédito no mercado, conversar com um time vencedor de um Grand Prix sobre a perspectiva de inovação do Projeto, dos desafios e como a Gestão de Projetos se conecta neste trabalho. Confira então logo abaixo a entrevista com Johan Pihl – Creative Director na Great Works.
Entrevistado
JOHAN PIHL
CREATIVE DIRECTOR
GREAT WORKS
PHONE +46 708 153208
ADDRESS KUNGSGATAN 5, 111 43 STOCKHOLM, SWEDEN
Prêmio
Grand Prix at Cannes Lions Innovation
Site do Projeto
Uma breve introdução sobre você, a ideia e sua empresa.
O parceiro de desenvolvimento sueco IM (Individuell Människohjälp) possui mais de 50 anos de experiência de trabalho em regiões onde armas de fogo ilegais impedem a ajuda humanitária, desenvolvimento e progresso. Eles buscaram uma maneira de mobilizar os recursos necessários para ajudar as vítimas da violência armada e estabelecer uma solução duradoura que não dependesse da política e da boa vontade pública.
Great Works e Åkestam Holst juntaram-se para ajudar a encontrar formas inovadoras de ajudar a combater a propagação de armas de fogo ilegais.
A ideia de Humanium, o metal mais valioso do mundo, é sobre o estabelecimento da primeira supply chain (cadeia de suprimentos) do mundo para o metal de armas de fogo ilegais destruídas e lançar uma mercadoria para a paz.
Qual é a sua visão sobre inovação na sua empresa e como você persegue ela?
Dentro da nossa rede de agências The North Alliance (NoA) nos dedicamos a explorar formas de oferecer processos de inovação aos nossos clientes. Pensamos que a estrutura do NoA permite que muitas competências distintas façam parte das equipes multifuncionais de modo a criar a plataforma para o trabalho de inovação. Era claro que o desafio das armas de fogo ilegais e seu efeito devastador nos países em desenvolvimento precisavam de uma abordagem inovadora que não seguisse a relação cliente-agência usual.
De onde veio o insight da ideia?
A ideia de lançar o Humanium, o metal mais valioso do mundo, veio da constatação de que o problema não era a falta de ideias sobre produtos feitos de armas destruídas, mas o próprio metal em si. Queríamos disponibilizar o metal para todas as marcas, designers e artistas criando a primeira cadeia de fornecimento mundial de metal com armas de fogo ilegais. Permitir que as marcas reinventem seus produtos e ajudem a gerar novos recursos para ajudar a reconstruir as sociedades devastadas pelo conflito e apoiar as vítimas da violência armada.
Você poderia descrever todo o processo: da ideia até a execução?
Trabalhamos e agimos muito como uma start-up com mais de 30 pessoas envolvidas trabalhando em diferentes partes do projeto. A IM Swedish Development Partner estava focada em construir os relacionamentos e contratos necessários localmente e enquanto trabalhamos na comunicação e na compreensão dos requisitos de produção de nossos clientes. O projeto foi lançado em novembro de 2016, mas nós passamos dois anos desenvolvendo o alicerce do projeto.
Quais foram os desafios da gestão de projetos e produção que vocês encararam durante o projeto?
Nós enfrentamos muitos desafios, mas o mais difícil foi garantir que cumpriríamos os requisitos de produção de nossas marcas parceiras, garantindo que o metal fosse adequado para produção comercial.
Você poderia citar quais foram os estágios de inovação do projeto?
Ao longo desses 3 anos passamos pelos seguintes estágios básicos:
– Compreender o trabalho da IM e a estratégia a longo prazo
– Mapear pontos críticos e ameaças
– Olhar para tendências e desenvolvimentos futuros (por exemplo, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU)
– Identificar possíveis direções e potencialidades
– Ideação e prototipação
– Seleção
– MVP
– Plano de negócios baseado em infra-estrutura, estrutura de aquisição e certificação
Por que você acha que o projeto ganhou o Grand Prix, o maior prêmio na categoria de inovação, em Cannes?
O júri realmente entendeu como conseguimos criar essa cadeia de suprimentos ao desenvolver a marca, a certificação e o modelo de negócios como uma infraestrutura integrada – e não como entidades separadas – e como isso é o que realmente inova e cria um efeito duradouro. Esperamos também que conseguimos mostrar que a inovação pode realmente mudar o mundo para melhor e que nenhum desafio é grande demais.
Ainda é muito difícil acreditar que ganhamos o prêmio mais cobiçado que a nossa indústria tem a oferecer. É uma grande honra ter um sinal de aprovação de um júri tão distinto é tudo para nós. Mais de 30 pessoas trabalharam muito duro por muito tempo acreditando que estávamos fazendo algo que poderia fazer a diferença. Ganhar o Grand Prix de Cannes nos deu a garantia de que foi tempo bem investido.
Você acredita que o projeto deixou um legado de paz?
Estamos convencidos que sim. Mais importante ainda, terá um efeito positivo e duradouro no desenvolvimento e no progresso nos países que sofrem com a violência armada.
Quais foram os impactos e resultados positivos em toda a cadeia?
Estamos apenas começando a ver o impacto localmente. Vemos como os programas de destruição de armas ganharam maior importância política e como há uma clara mudança de atitude. É importante ressaltar que os recursos das vendas dos produtos da Humanium ainda não beneficiaram os países afetados. Sabemos que o impacto futuro terá um efeito positivo nas oportunidades de trabalho e na infra-estrutura.
Algum outro fato interessante que possa compartilhar?
Nós tivemos problemas em vários aeroportos por causa do lingote de Humanium. Lembro-me especialmente de um oficial de segurança que não permitiu que ele fosse transportado a bordo como bagagem de mão, reclamamos e argumentamos que era apenas um lingote de metal e não poderia ser considerado uma ameaça à segurança. Ele nos disse que poderia ser usado como uma arma simplesmente por causa de seu peso e bordas afiadas.
Na verdade queríamos contar que ele estava segurando os restos de uma metralhadora AK47, mas em vez disso, decidimos despachá-lo na bagagem.
Incrível podermos entender de fato uma visão de Projetos sobre o trabalho realizado, na ótica de quem de fato executou todo plano de ação. Este trabalho só foi possível pelo empenho de todo time do Comitê de Inovação em Gestão de Projetos do Instituto Mestre GP, composto por: Rodrigo Baroni – presidente do Comitê, Caio Franchi – Google, Edson Sueyoshi – R/GA, Fernando Tavares, Juliana Hasegawa – F/Nazca Saatchi & Saatchi, Marcio Bueno – FCB Brasil, Marcio Quartilho – Dentsu Aegis, Marcos Yamamura – DPZ&T, Paulo Martinez – Agência Ginga e Rafael Fragoso – Publicis.
Conheça o case Humanium Metal, assista o vídeo: