A força de um time multidisciplinar

Um dos grandes desafios da realidade de uma agência que não tem como core o digital, é conseguir trabalhar, nessa área, os conceitos que muitas vezes parecem bem consolidados no mundo offline, além de saber como transpor tudo isso para um ambiente “novo”. Obviamente, hoje, não existe a opção de não ser digital; a transformação se torna realidade, e é impossível se esconder ou fingir que não é preciso “estar lá”. Sim, você precisa – talvez só não saiba como fazer.

No início deste ano, além de toda a situação que a pandemia de covid-19 trouxe a todo o mercado de comunicação – como as adaptações para trabalho home office, o isolamento social e as reduções de verbas e contratos –, na Agência TUTU tivemos mais um desafio: a criação de um site para uma revista impressa. E não era qualquer uma: a Problemas Brasileiros, com mais de 50 anos e 450 edições debatendo soluções aos problemas socioeconômicos e culturais do País. Em 2019, com um projeto editorial novo, da TUTU, a revista conquistou o Prêmio Aberje, da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial, na categoria Mídia Impressa.

O projeto do site era ambicioso: não produzir apenas um blog para publicações de matérias divulgadas na versão impressa, mas, também, um espaço para artigos com grandes nomes nacionais, entrevistas exclusivas, reportagens, ensaios fotográficos e vídeos. Além disso, um lugar ideal para abrigar um produto novo: o Podcast Problemas Brasileiros. De todo modo, o objetivo central era criar um ambiente complementar à experiência que os leitores vivenciavam com a versão tradicional de um projeto editorial premiado – desta vez, usando as possibilidades do digital.

O primeiro obstáculo que enfrentamos foi o fato de o time responsável pelo projeto ser especificamente off, formado por editores, repórteres, jornalistas e designers com longa carreira, todos especializados em publicações impressas. Uma das premissas para a ideia acontecer era, de fato, a participação dessa mesma equipe, já consolidada e com amplo conhecimento e intimidade com o projeto gráfico premiado – que deveria ser aplicado ao digital da maneira mais fidedigna possível. O segundo obstáculo: a limitação de recursos para o que seria a solução mais simples – montar um novo time complementar, orientado ao digital, com novos designers, redatores, desenvolvedores e especialistas em UX e UI. Pensando nisso, surgiu a nossa primeira grande solução: juntar o time da revista impressa a algumas pessoas específicas da agência com mais conhecimento em digital (como programadores e UX designers), a fim de formar uma equipe multidisciplinar responsável pela adaptação dos conceitos da versão original para o site.

Logo nas primeiras reuniões, percebemos que a curva de aprendizagem de conceitos, possibilidades e limitações do digital frente ao impresso era grande, uma vez que a equipe era formada por pessoas de áreas completamente diferentes, com práticas e visões de produto muito distintas (e conflitantes, na maioria das vezes).

As primeiras sprints de trabalho foram, basicamente, uma troca de conhecimento entre os membros mais experientes no digital e os demais. Nessas reuniões, pudemos confirmar um dos grandes poderes do time multidisciplinar, que vai além da sua capacidade de realizar a solução proposta de ponta a ponta, como mostra o Scrum Guide. O time era altamente capaz de produzir e compartilhar conhecimento de forma ampla e escalável. Todos os integrantes, ainda nas primeiras interações, já trocavam experiências enriquecedoras, criando soluções inovadoras tanto na forma como no conteúdo de outros trabalhos já realizados na agência.

Antes, um projeto como esse seria realizado mediante um modelo de trabalho mais próximo à metodologia Waterfall, no qual teríamos a separação bem clara de fases e etapas de cada uma das partes do projeto (back-end, layout, front-end, conteúdo, etc.), assim, as entregas seriam feitas por áreas isoladas da agência. Como, posteriormente, decidimos fazer de uma forma diferente, montando um time multidisciplinar e trabalhando por sprints, o resultado de cada entrega teve muito mais qualidade, pois ela era fruto de uma ação mais assertiva e colaborativa. Além disso, os membros do time desenvolveram um sentimento muito forte de pertencimento ao projeto, aplicando total esforço, e o carinho necessário, para um site cada vez melhor.

No decorrer das sprints de trabalho, as experiências só ficavam mais ricas, com resultados excelentes, cumprindo as expectativas de prazo dos demandantes internos e do cliente final, bem como produzindo um arcabouço de conhecimento que, até então, não tínhamos. Todo o processo e os resultados finais produzidos foram tão valiosos, que, hoje, usamos essa experiência como case interno e exemplo das potencialidades que uma organização em times multidisciplinares pode trazer.

Após a “entrega final” do site, com a sua publicação oficial, recebemos os feedbacks reais de usuários e cliente – e, com isso, mais trabalho a fazer. Situações típicas do ambiente digital (como correções, melhorias e novas funcionalidades) surgiram, e, atualmente, o site segue sendo aperfeiçoado, por meio de implementações feitas pela equipe. Assim, o time aprendeu, também, outra lição: diferentemente de uma publicação impressa, que se finaliza na gráfica, esse trabalho não termina com a entrega. Ele é evolutivo e vivo, respondendo, de forma ágil, às necessidades dos usuários e às oportunidades de negócios.

Ao realizar um projeto com um time multidisciplinar – que, em outra oportunidade, dificilmente trabalharia junto –, concebemos uma experiência que mudou, para sempre, a organização dos times e das equipes na TUTU.


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