Quem é você em outro idioma?

Há um ano e meio, me mudei do Brasil para os Estados Unidos com minha família. Essa mudança trouxe uma série de desafios e aprendizados, e cada um deles poderia ser tema de um artigo à parte. No entanto, hoje quero focar em um aspecto específico dessa experiência: a vivência e o trabalho em um ambiente onde o idioma principal não é a minha língua materna.

Já tive que usar o inglês no trabalho diversas vezes, mas essa é a primeira vez que me vi verdadeiramente imersa em um novo idioma por tanto tempo e em tantos contextos diferentes. Recentemente, estava revendo o filme “A Chegada” (2016) e, em um determinado momento, a protagonista menciona a hipótese de Sapir-Whorf. Esta teoria linguística sugere que há uma interdependência entre língua, cultura e percepção do mundo. Em outras palavras, ao imergir em um novo idioma, você pode começar a enxergar o mundo de uma forma diferente e até mesmo agir de modo diferente.

Isso me fez refletir. Eu sempre digo que, apesar do inglês não ser minha língua nativa, me considero muito mais assertiva e direta em inglês do que em português. E acredito que isso só me beneficiou no meu atual trabalho. No Brasil, o estilo de comunicação tende a ser mais indireto, e muitas vezes rodeamos muito para evitar confrontos diretos. Já a cultura americana valoriza a clareza e a objetividade, o que talvez tenha impactado a minha abordagem.

Recentemente, me tornei responsável também pela área de Recursos Humanos da agência onde trabalho. Sem dúvida, essa minha assertividade em inglês me ajudou muito, porque é uma área que exige tomar decisões difíceis e comunicá-las de forma clara e concisa.

O impacto da língua na forma de trabalhar é inegável. Aprender e utilizar o inglês não apenas facilitou minha adaptação ao mercado publicitário americano, mas também transformou minha abordagem profissional, me beneficiando.

Agora, preciso também falar um pouco do outro lado. Há momentos em que sinto que perco um pouco da naturalidade e até do carisma por não estar me comunicando em português. Acredito que a língua portuguesa, rica em expressões e nuances culturais, permite uma conexão mais profunda e traz uma facilidade maior em ser espontâneo. Mas acho que posso deixar esse assunto e mais outros temas de “brasilidade” para um próximo artigo. Até a próxima!


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