Você já trabalhou com Agtech?
Quando uma grande emissora nacional fala que o Agro é Pop, talvez ela tenha uma dimensão que muitos não têm. O campo, principalmente no Brasil, há muito deixou de ser apenas o que alguns carregam no imaginário: o local de paz e sossego; a terra da cultura caipira; e o local da produção manual e de muito suor. Nossas áreas rurais são tudo isso e muito mais.
Mas o que está acontecendo no campo?
De saída o fato de o Brasil ter se tornado uma potência mundial no agronegócio, principalmente no agronegócio sustentável, baseado em ciência, inovação e empreendedorismo. Claro que ainda encontramos exceções e problemas, como em todos os locais e segmentos produtivos, mas alguns números animam e indicam que a história tende a mostrar um Brasil mais social e ambientalmente responsável com o crescimento deste segmento.
E EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, juntamente com a SP Ventures e a Homo Ludens no relatório Radar Agtech 2020/2021 (https://radaragtech.com.br/relatorio/), mapeou a existência de 1574 startups voltadas ao agronegócio e que fornecem soluções para toda a cadeia produtiva do campo, ou seja, para antes, durante e depois da fazenda. Essas soluções vão desde vacinas e tratamentos para plantas, permitindo a substituição de defensivos agrícolas, marketplaces para escoamento mais sustentável da produção até o desenvolvimento de produtos para alimentação vegana.
Vale ressaltar que alguns pesquisadores, como Hall, Daneke e Lenox (2010), indicam que o empreendedorismo, dado sua capacidade de criação de produtos e processos mais inovadores e consequentemente sustentáveis, está sendo considerado como uma solução para as questões socioambientais. Imagina então o que podem fazer 1574 empreendimentos?
Sim, essa eu prefiro responder. Eles podem mudar o rumo da economia, dos negócios brasileiros e do trabalho como conhecemos até aqui.
46% dos agricultores brasileiros estão utilizando algum meio digital em suas fazendas
O mesmo indicador na Europa aponta que apenas 22% dos agricultores usam esse tipo de ferramenta. Além disso, só na cidade de São Paulo, o número de Agtechs (startups voltadas para o agronegócio) aumentou aproximadamente 32% entre 2019 e 2021, ou seja, a tendência de crescimento e protagonismo deste tipo de iniciativa parece clara, mas o que muitos não percebem é que em pouco tempo isso deixará as áreas rurais e atingirá as empresas e profissionais dos segmentos tradicionais e mais urbanos.
Hoje, as startups do agro já demandam empresas e profissionais de TI, marketing, projetos, engenharia, administração, direito e muitas outras áreas que pareciam distante do campo ou apenas ligadas a grandes empresas do interior. O tempo do êxodo empresarial rural parece apontar no horizonte.
Quer entender melhor: acesse o relatório clicando aqui!
André Maluf – @bauc.ag
Fontes: Hall, J. K., Daneke, G. A., & Lenox, M. J. (2010). Sustainable development and entrepreneurship: Past
contributions and future directions. Journal of Business Venturing, 25(5), 439–448. https://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2010.01.002