A Gestão de Projetos para não Gerentes de Projetos
Segundo Idalberto Chiavenato um dos maiores pensadores brasileiros sobre Administração, cultura organizacional é:
“Conjunto de hábitos e crenças estabelecido por meio de normas, valores, atitudes e expectativas compartilhadas por todos os membros da organização. A cultura espelha a mentalidade que predomina na organização.”
Entendendo este ponto partimos então para avaliar como a disciplina de Gestão de Projetos também precisa ser encarada como algo embutido na cultura organizacional. Quando se pensa em Gestão de Projetos pensamos sempre em uma figura apenas, presente dentro de um ‘departamento’ de Projetos ou Operações, o Gerente de Projetos. Pensar fora dessa realidade departamentalizada é muito distante do que hoje temos presente no cenário profissional, mesmo em locais onde a crítica – como objeto de evolução – deve ser fundamental, que são os ambientes criativos.
Neste artigo proponho falarmos numa Gestão de Projetos para não Gerentes de Projetos.
Se partirmos do ponto que gestão tem como um dos papéis fundamentais a liderança, não a liderança delegada por força de organograma e sim conquistada pela atuação presente e relevante frente a equipe, então ela é inerente a qualquer departamento, qualquer equipe de trabalho e qualquer profissão. Sabendo disso passamos para um próximo passo, que é essa gestão “inconsciente”, gestão “conquistada”.
Gestão “inconsciente” ou “conquistada” pois ela se estabelece não por um gerente de fato e sim por um personagem ativo no projeto, que muitas vezes não tem instrução gerencial clara mas exerce essa papel. De forma prática, como é a gestão de projetos para um Diretor de Criação, por exemplo? Ou como pode ser a gestão de projetos para um Diretor de Planejamento? Isso ocorre justamente quando todos os profissionais que compõe aquela organização entende que atua pautado em gestão é atuar pautados nos pilares de cultura dessa organização.
Em um artigo anterior onde abordo a Gestão de Pessoas, clique aqui para ler na íntegra, comento que um projeto é composto por vários atores, sendo estes responsáveis pelo sucesso do projeto tanto quanto o Gerente de Projetos, então todos exercem papel em gestão e de projetos, todos possuem essa função de ‘cuidar’ do projeto, entende-lo e aplicar a melhor solução dentro da sua equipe.
Uma equipe Criativa é conduzida de forma criativa pelo seu líder, que estimula de várias formas a criatividade desta equipe, papel que o Gerente de Projetos não pode realizar. O líder de Planejamento estimula sua equipe a pesquisar, buscar referências, papel que o Gerente de Projetos não pode exercer, então podemos dizer que todos estão fazendo a gestão do projeto, liderando as suas equipes.
Se trouxemos outra perspectiva mais conectada com os conceitos de agilidade, as squad por exemplo, a questão da liderança ‘não gerencial’ é ainda mais presente. Os times são multifuncionais e auto-gerenciáveis, neste momento modelo emergem outros papéis de facilitadores dos times.
O assunto é bem profundo, mas trago a tona por sentir uma dificuldade grande em alguns aspectos da percepção da Gestão de Projetos, um deles e o maior acredito é na responsabilidade errada que se faz da figura Gerente de Projetos, a maioria das vezes apenas uma responsabilização negativa, mas nunca se tem a visão oposta de que existe também uma gestão acontecendo em cada etapa do projeto onde o papel do Gerente de Projetos é retirar os obstáculos, unir as equipes, prover de informação as equipes, ser a interface com o cliente para coleta de dados, e muitas outras atribuições.
O grande desafio deste artigo é propor o pensamento crítico da Gestão de Projetos pelos não gestores instituídos formalmente, mas eles existem e devem continuar existindo, sem eles o Gerente de Projetos não faz gestão nenhuma apenas um trabalho burocrático de “leva e traz”.